O grupo “Interpretar e Aprender” surgiu como ideia nos corredores da Universidade de São Paulo por três estudantes de História interessados em integrar diversão e aprendizagem. Apaixonados tanto por narrativas fantásticas quanto pelo ato de ensinar, estes amigos decidiram criar um grupo cujo intuito seria trabalhar, de forma prazerosa, os conteúdos escolares - e não haveria melhor maneira de fazê-lo do que utilizando o RPG, ou Role Playing Game.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A culpa é do Fidel



Como se constrói uma história? Passamos aqui tanto tempo tentando desconstruí-las para buscar um propósito em um mundo que não tem sentido algum, a não ser por aqueles que o dotamos de. Todo sentido é uma escolha feita. Uma escolha política a ser assumida. Toda ação, pensada ou impensada, é uma tomada de posição ante a falta de sentido do mundo e é também dotar-lhe de sentido. A História não é um dado, ela é construída a cada segundo. E nesse segundo [nós do grupo interpretar e aprender] estamos escolhendo os homens e a humanidade ante o dinheiro! Queremos isso para nossos filhos, queremos isso para nossos irmão e irmãs, nascidos e vividos apenas em nossas orelhas, em nossos olhares que buscam em um mundo faltante tudo aquilo que é e que poderia ser.

Walter Benjamin nos fala disso em seu "sobre o conceito de história", mas seus olhares ainda não são, na década de 1930, tão claros como são os nossos hoje. Verdade que ele sentiu na pele a dor e o desconcerto do nazismo, mas Benjamim falta em conhecer as decorrências dessa experiência desastrosa. Estou certo de que a culpa é do Fidel... la faute à Fidel...




Mas será que o Fidel estava tão errado assim? "Pagarei com minha vida a minha lealdade ao povo. A história é nossa e é feita pelo povo. VIVA O CHILE! Viva o povo."  dizia Allende logo antes de ser deposto e assassinado. É a confiança na construção e nos homens que guia o presidente chileno rumo ao horizonte, não os grilhões da história que o obrigam a dar continuidade em um caminho que os homens desse tempo já não querem mais. Abandonemos esse gigante que pode nos destruir e oprimir! Escolhamos o presente, escolhamos os homens, nossos irmãos. A história é um bicho perigoso que não segue as regras da ciência e não serve as regras de um deus tampouco. A História serve aos homens e por eles é construída, então neles deverá estar seu foco.

Quantos mundos imaginários não tangemos? Será que eles são tão imaginários quando supomos que sejam? Será que um jogo de RPG não traz dentro de si a vontade de mudança de algo que já não mais nos cabe mais escolher? Escolhas. A isso se resume a vida humana, eleições arbitrárias, mas não de todo, que acabam por conformar a realidade.

A história com a qual você se relaciona - seja ela apenas a sua ou a da humanidade, a econômica ou a artística, a social ou a animal, a cultural ou a natural - é sempre a história de seu comprometimento com seu entorno. Em cem anos provavelmente ninguém saberá do que você falou, mas isso não muda o fato de que você falou e em um jogo de reverberações infinitas que não podemos começar a desconfiar como funciona, isso, a sua fala, pode acertar alguém no peito. Reverberações incontáveis são a única esperança de um universo sem sentido. Assim tudo se torna novamente o todo e o todo, mesmo sem sentido, importa a todos.

Qual é a sua escolha sobre a história? Como você conforma a realidade em torno de si? No fundo somos todos buracos negros, pontos de massa infinita que absorvem pensamentos e que nunca mais os permitirão sair, ao menos não como eles entraram. E assim, como os buracos negros, seguimos distorcendo o espaço/tempo por muito pesados que somos e muito pensantes que nos fazemos.

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