O grupo “Interpretar e Aprender” surgiu como ideia nos corredores da Universidade de São Paulo por três estudantes de História interessados em integrar diversão e aprendizagem. Apaixonados tanto por narrativas fantásticas quanto pelo ato de ensinar, estes amigos decidiram criar um grupo cujo intuito seria trabalhar, de forma prazerosa, os conteúdos escolares - e não haveria melhor maneira de fazê-lo do que utilizando o RPG, ou Role Playing Game.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

RPG em Educação Financeira - SimNegócios

Como já introduzi anteriormente, o tema do 9º ano seria o mundo dos negócios. Essa era uma turma bastante engajada nas atividades. Era a mesma turma que participou do projeto sobre ditadura militar brasileira. Em um certo momento, porém, uma das classes desanimou e começou a trabalhar o mínimo possível.

No 9º ano conseguimos trabalhar em conjunto com o professor de química. Após criarmos a empresa com nome, valores, missão e visão, além de um logo simples, no laboratório, os alunos produziriam realmente o produto de sua empresa. Produziram álcool gel, amaciante de roupas e outros produtos de limpeza. Na feira de ciências, venderam os produtos para arrecadar verbas para a formatura.


No primeiro turno precisavam escolher entre três opções de fornecedores, um mais ligado à sustentabilidade e à responsabilidade social que o outro, com orçamentos diferentes. Lembrando que não há resposta certa ou errada. São escolhas possíveis, e o grupo deveria montar sua estratégia. Um dos grupos escolheu o mais rentável e menos sustentável para capitalizar a empresa logo de início. Também deveriam decidir se a média do salário dos funcionários e diretores seria acima ou abaixo do mercado e se haveria algum tipo de projeto para diminuir a desigualdade econômica. Alguns grupos, mesmo sendo uma empresa nova decidiram já abrir seu capital. Inclusive um dos grupos vendeu quase toda a empresa, perdendo muitos pontos de finanças (um dos índices de avaliação da empresa) para recomprá-las e voltar a comandar o negócio.

Outros turnos estiveram ligados à salários e benefícios para funcionários, descarte do lixo industrial, testes em animais, quais tipos de embalagem utilizar e projetos sociais para a suposta comunidade no entorno da empresa.

Nenhuma das ideias foi realmente inovadora. E os alunos não pesquisaram projetos já existentes, ou as leis trabalhistas e ambientais. Por isso mesmo, achavam que suas ideias eram geniais e originais por si só.

Entretanto, as discussões em sala mostraram-se muito ricas. Há alunos que hoje em dia ainda passam por mim comentando que levam em consideração os testes em animais para consumir certos tipos de medicamentos ou produtos estéticos, ou mesmo ao escolher certas marcas de roupas (como no caso da Abercrombie)

O projeto se mostrou uma ferramente poderosa para colocar em prática os conceitos estudados ao longo do ano e transformar os alunos em cidadãos mais críticos (principal objetivo desde o começo).

Para conhecer o trabalho com o 8º ano, clique aqui.