O grupo “Interpretar e Aprender” surgiu como ideia nos corredores da Universidade de São Paulo por três estudantes de História interessados em integrar diversão e aprendizagem. Apaixonados tanto por narrativas fantásticas quanto pelo ato de ensinar, estes amigos decidiram criar um grupo cujo intuito seria trabalhar, de forma prazerosa, os conteúdos escolares - e não haveria melhor maneira de fazê-lo do que utilizando o RPG, ou Role Playing Game.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Novas necessidades, projetos nem tanto - Parte II

Esse post começa aqui

Como havia dito, a FEBRACE é uma feira nacional de ciências e engenharia que ocorre anualmente na POLI-USP, com alunos de 8º, 9º anos do fundamental e do ensino médio. Contei um pouco da minha experiência com essa metodologia neste post aqui.



Na FEBRACE, claro, os trabalhos são excelentes, pois passam por um crivo bastante rígidos de avaliadores já graduados em suas áreas. Os colégios técnicos se destacam em áreas como biologia e engenharia por já contarem com especialistas e laboratórios mais avançados que os colégios comuns. A região Nordeste do Brasil se destaca pela preocupação com suas próprias comunidades e projetos que visam resolver problemas práticos de forma econômica e sustentável. 

Todo ano há trabalhos que se preocupam com a própria educação. Neste ano, os 3 primeiros lugares em ciências humanas, tanto na categoria individual, tanto em grupo, pesquisaram os métodos e ferramentas pedagógicas. Dois trabalhos sobre educação olhavam para o vídeo-game como uma forte ferramenta pedagógica. O primeiro, aqui da cidade de São Paulo, utilizava o jogo Minecraft para o ensino de Geografia. O segundo, idealizado por alunos do 9º ano, utiliza o Minecraft para um projeto mais audacioso.

Mas antes, temos que explicar o que é este jogo. O Minecraft é um jogo de péssimos gráficos que envolve, de maneira que precisa ser estudada, muitos adolescentes com acesso à internet.


No jogo, você pode criar, basicamente, qualquer coisa. Os blocos podem ser construídos e destruídos, e o único limite é sua própria imaginação. Claro que alguns jogadores acabam se especializando e criando obras-primas. Como uma pirâmide Maia:


Ou ainda King´s Landing, da obra de George R. R. Martin "As Crônicas de Gelo e Fogo"



As imagens parecem ter um bom gráfico porque estão distantes dos detalhes, os blocos são os mesmos. Eu demorei para escrever este blog pois uma aluna do 8º ano construiu um castelo medieval (estávamos vendo Baixa Idade Média) e pedi para que ela me enviasse algumas fotos, mas como todo bom aluno, esquecem que o professor existe e se interessam por suas produções!

Bom, vocês já devem estar imaginando zilhões de usos para o jogo. Até a ONU entrou na parada. Um projeto pretende utilizar o Minecraft para melhor visualizar o planejamento urbano de algumas regiões. Eu só não conseguia entender como um jogo que tinha péssimos gráficos e sem um objetivo claro conquistava tantos adolescentes. É sabido que os gamers mais novos se importam muito com os gráficos, de maneira geral. Mas, espere um pouco, construir mundos sem gráficos não é exatamente o que fazemos, tanto no RPG quanto na educação??? (Principalmente em história) Isso ficou mais claro ainda quando vi o segundo trabalho sobre o jogo.

Antes de falar sobre o projeto, ainda resta dizer que o Minecraft possui uma licença de modificação do jogo. Isso quer dizer que você, eu, ou qualquer um pode  modificar o jogo a nosso bel-prazer. Isso significa criar outros tipos de blocos e respostas para alguns estímulos (interação entre personagens, por exemplo). Bastante parecido com a prática dos RPGistas.

O Educablocks é um projeto bem diferente, pois, não só utiliza o Minecraft como uma ferramenta pontual, e sim como um método transdisciplinar para incentivar o estudo dos alunos. Os alunos modificaram o jogo para construir uma réplica da própria escola.


Os alunos que jogassem encontrar-se-iam na própria escola, interagindo com professores e atividades de maneira prazerosa. O projeto não está finalizado, mas os criadores idealizaram salas para cada professor, avaliações e até um sistema punitivo para as condutas não-desejadas: simplesmente um tempo banido do jogo. (Quem é jogador de MMO´s sabe o poder do BAN)

Enfim, opções não faltam. Este é um exemplo do grito clamando por mudanças vindo dos próprios alunos. Seja o Minecraft, seja o jogando Assassin´s Creed para os alunos entenderem melhor a sociedade veneziana do início da Idade Moderna ao lerem Otelo de Shakespeare, o vídeo-game chega para ficar na educação e não pode ser deixado de lado por professores novos ou velhos.

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