O grupo “Interpretar e Aprender” surgiu como ideia nos corredores da Universidade de São Paulo por três estudantes de História interessados em integrar diversão e aprendizagem. Apaixonados tanto por narrativas fantásticas quanto pelo ato de ensinar, estes amigos decidiram criar um grupo cujo intuito seria trabalhar, de forma prazerosa, os conteúdos escolares - e não haveria melhor maneira de fazê-lo do que utilizando o RPG, ou Role Playing Game.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Uma breve confissão, ou "o que aprendi jogando"


O primeiro MMO que joguei chamava-se Ultima Online. 


Naquele tempo ainda estudava na ETEGV, em São Paulo, e tive minha primeira experiência de greve. Os professores reivindicavam ajuste salarial e os alunos marcharam com eles da ETESP, na Luz, até a assembleia legislativa, no Ibirapuera. O resto dos dias, eu joguei Ultima Online, ou UO para os mais íntimos. Pode-se até criticar todas as horas jogando, ao invés de estar com os amigos e discutir a situação dos professores, mas eu os encontrava todo dia, na cidade de Minoc. Como o próprio nome já revela, MMO, ou Massive Multiplayer Online games, são jogos de colaboração. O UO se destacava, também, pela competição, pois as batalhas podiam ser travadas por guildas inimigas, além de derrotar os monstros que assolavam o mundo de Brittania, mas a colaboração reinava. 

Jogadores reunidos em uma festa - Ultima Online

É justamente essa característica que faz do MMO um jogo extraordinário. Nunca me esquecerei o dia em que, na mina perto de Minoc, um outro personagem passou com algumas vacas, e conversou comigo com sotaque de caipira. Claro que a conversa se deu por escrito, naquela época eram raros os jogos que permitiam a conversa por áudio, diferente de hoje em dia. O objetivo daquele jogador era inteiramente a interpretação de seu personagem naquele mundo, no caso, um fazendeiro, deixando de lado as batalhas e a busca por itens melhores e ouro que são característicos da maioria dos jogos de RPG. Em seu mestrado, Leonardo Xavier de Lima e Silva explora a cognição do jogador de MMORPG, no caso, o renomado World of Warcraft, e do jogador de RPG de mesa, no caso, o também renomado Dungeons & Dragons. Enquanto entre os jogadores de mesa, a maior motivação é a interpretação (ou como o autor chama, roleplay), entre os jogadores do jogo eletrônico é o trabalho em equipe. Isso se deve ao fato de que no jogo de mesa, a presença de todos é concreta, não virtual, tornando a interpretação o fator mais importante. Mas ambas as características são importante e se complementam, a partir do momento que a interpretação só se dá em grupo.

Tais RPG´s ultrapassam a busca da melhoria do personagem. Nele, você pode escolher ser simplesmente um ferreiro, um joalheiro, e emular uma vida que não é possível ser vivida. As habilidades do UO eram muitas, e, claro, não era possível um personagem habilidoso em todas as áreas. E essa diferença para os jogos eletrônicos tradicionais é essencial, um jogo de tiro depende unicamente da sua habilidade com o controle, assim como jogos de esporte, ou de aventura como God of War (mesmo que neste você possa escolher algumas habilidades para se sobressair). No RPG, depende apenas das escolhas do jogador na construção prévia, e mesmo durante o jogo, de seu personagem. 

Tabela de habilidades - Ultima Online

O MMO tem por característica, também, a necessária construção de estratégias. Seja de combate, seja para ganhar tempo para ir a algum lugar, seja para organizar seu inventário. Um jogo que precisei aprender a me organizar é Diablo II, da produtora Blizzard. Nunca havia lugares para os itens conquistados no jogo, pois os tamanhos eram diferentes.

Inventário - Diablo 2

Na E3, feira de jogos eletrônicos mais importante, o prêmio de melhor expansão foi para o game "Lord of the Rings Online: Riders of Rohan", revelando a importância deste tipo de jogo. Veja o trailer da expansão:


O jogo se passa na terra-média, a terra criada por J.R.R. Tolkien, em seu épico "O senhor dos Anéis". Ao criar seu personagem, o tutorial é comandado por Aragorn, herdeiro do trono de Gondor. A história vivida pelo jogador não é a mesma do livro, mas o jogador sente-se parte por ter de ajudar a sociedade do anel com outras missões que não destruir o anel. Os gráficos não são os mais avançados se compararmos a consoles como Playstation3, da sony, ou o Xbox, da microsoft, mas as paisagens são dignas de aulas de geografia. 




Os mapas, tão importantes para Tolkien, foram muito bem estudados e trabalhados pelos game-designers que também é possível uma aula de cartografia. 


"Tendo em vista as necessidades educacionais do Século XXI, as quais envolvem adquirir um senso de agência, abordar situações-problema com flexibilidade, participar de comunidades de prática em ambientes multiculturais, usar múltiplas e distintas perspectivas de acordo com a utilidade e produzir inovações, os MMORPGs podem ser a ajuda inestimável para professores e alunos, propositalmente obscurecendo a fronteira entre trabalho e lazer." (LIMA E SILVA, 2008)

Referências:
LIMA E SILVA, L. X. de. Processos Cognitivos em Jogos de Role-playing : World of Warcraft vs . Dungeons & Dragons. 2008. Dissertação.
As demais referências estão em forma de link no próprio texto.


2 comentários:

  1. oi como faso para almentar meu inventario no diablo 2 como esta na imagem acima?

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  2. Renan,
    pelo que me lembro o inventário já é assim...

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