O grupo “Interpretar e Aprender” surgiu como ideia nos corredores da Universidade de São Paulo por três estudantes de História interessados em integrar diversão e aprendizagem. Apaixonados tanto por narrativas fantásticas quanto pelo ato de ensinar, estes amigos decidiram criar um grupo cujo intuito seria trabalhar, de forma prazerosa, os conteúdos escolares - e não haveria melhor maneira de fazê-lo do que utilizando o RPG, ou Role Playing Game.

sábado, 27 de junho de 2015

Em si no outro

Há algum tempo meu amigo (e ex-capitão) Davi Moreno comentou de um projeto belíssimo: o Em si no outro.

A ideia é trabalhar a alteridade que tanto nos é cara hoje em dia.

"um projeto educativo para jovens e adultos e que tem como princípio assumir a importância do que o outro tem para ensinar em nossa vida."

Com profissionais capacitados, o coletivo propõe um Estudo do meio espetacular: uma visita à Auschwitz, na Polônia, palco de um dos maiores massacres da história da humanidade, quando milhões de pessoas foram condenadas a um crime que não cometeram, e uma passagem pela capital italiana, por onde diversas culturas passaram ao longo de tanto tempo.



Logo nos vem à mente: é preciso ir até lá para pensarmos nisso?! Não, o coletivo também trabalha as questões no local que os alunos vivem: a própria cidade. Os jovens são convidados a uma experiência múltipla, inclusive culinária, para perceber que sem o outro não se vive.


Esse projeto está aqui para exemplificar a pergunta que me veio à cabeça durante duas experiências de Estudo do meio nessas últimas semanas, em que visitei com alunos do sétimo ano diversos templos em São Paulo. Claro que não cobrimos todas as religiões, mesmo porque o foco eram as nascidas no contexto medieval (considerando que a Reforma Protestante é resultado, ou reação, a um movimento iniciado na Idade Média). A questão aqui é o pedido para que os alunos percebam as suas sensações nesses templos. Nesse tipo de aprendizagem a vivência no mundo é o que importa.

Mas essa vivência é possível dentro da escola?

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Semana de História - UFU



Ontem o Paulo e o Thiago participaram da Semana de História da Universidade Federal de Uberlândia, apresentando uma aventura sobre a I Guerra Mundial. O debate foi muito profícuo e agradável. 


O grupo de trabalhos era formado por nós, Jaqueline Peixoto Vieira da Silva e Rafael Rocha, nosso parceiro há algum tempo do Narrativas da Imaginação. Iniciamos falando sobre a constituição de nosso projeto e do grupo que estamos jogando há mais tempo. A aventura já havia sido contada de certa maneira aqui e ali, assim organizamos nossa fala expondo nosso desejo em desconstruir o fetiche da violência provocado pelas diversas mídias atuais no imaginário das crianças. 

O Rafael seguiu a discussão com um tema bastante profundo: a ludicidade. Chegando a conclusão que o jogo não é lúdico por si. Não basta ser jogo para ser lúdico pois há ludicidade em outros aspectos da experiência humana. O jogo educativo deve conter três aspectos inter-relacionados: o lúdico, o didático e o acadêmico. Quando um sobrepõe-se aos outros o jogo fica chato, desestruturado ou ineficaz para o aprendizado. Isso é facilmente verificado nos "joguinhos" digitais educativos que estamos acostumados a encontrar no mercado: é raro o jogo que equilibra esses três aspectos com sucesso.





A Jaqueline expôs com muita propriedade uma atividade para crianças do sexto ano entenderem “O que é História”. O currículo de grande parte dos colégios inicia-se justamente com essa pergunta no sexto ano. Esse tema é bastante abstrato, principalmente se tratando da idade em questão. A escolha da professora foi colocar em prática com os alunos o trabalho do historiador: ao contar a sua própria história e levantar e produzir fontes históricas o aluno se torna sujeito de sua história. Ao mesmo tempo, perceber-se como agente histórico é essencial, distanciando-se do imaginário de que a História é feita por heróis. Após contar sua história, a prática aproximou-se do RPG ao criar personagens de si mesmos no futuro. Essa última parte será descaradamente copiada pelo Thiago em suas aulas do Objetivo no próximo ano, já que a primeira parte da proposta ele também coloca em prática.

A discussão do grupo de trabalhos da UFU se pautou nas aproximações possíveis entre esta ferramenta, que é o RPG, e os conteúdos e práticas pedagógicas. Todos ali pareciam entender que a ortodoxia do método de ensino nas escolas encontrou seu limite. Os relatos externos ao Interpretar e Aprender elaboravam uma superação dos alunos ao sistema de ensino, que passa a ser entendido como acumulação de referenciais e não mais como ferramentas para o individuo se aproximar e explorar o mundo. Ora, se isso acontece em muitas universidades porque não haveria d acontecer em nossas escolas? As perspectivas discorridas neste encontro partiam do obvio, a violência é assumida como parte da vivencia, porém pensamos compor caminhos interessantes dentro desta proposta educativa. Porque o RPG, afinal, pareia realidade e ficção; nesse movimento os alunos desenvolvem comportamentos no cenário que podem ser reproduzidos na realidade. A imaginação torna-se assim um espaço seguro para testar comportamentos e sua reverberação social além de, quando orientado por um educador, estimula a percepção de que cada individuo é capaz de realizar mudanças em seu meio.

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