O grupo “Interpretar e Aprender” surgiu como ideia nos corredores da Universidade de São Paulo por três estudantes de História interessados em integrar diversão e aprendizagem. Apaixonados tanto por narrativas fantásticas quanto pelo ato de ensinar, estes amigos decidiram criar um grupo cujo intuito seria trabalhar, de forma prazerosa, os conteúdos escolares - e não haveria melhor maneira de fazê-lo do que utilizando o RPG, ou Role Playing Game.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Por que, Por quê, Porque, Porquê...

Estava eu tentando achar algum assunto para escrever no blog quando me pego pensando: pra quê serve esse diabo de blog? À primeira vista, é bem simples: divulgar nosso projeto e discutir temas interessantes. Mas, pra quê? Por que precisamos de algo novo na educação? Se ainda não deixamos claro aqui no blog: pensamos que a educação de nossa sociedade está longe do ideal. Este post ainda não tratará disso. Este post quer algo bem mais simples. Por que este grupo necessita de um blog? Porque precisamos produzir!

A produção é (ou deveria ser) parte constituinte de qualquer formação acadêmica, seja ela textual ou não. A produção é uma das necessidades do ser humano¹, faz parte de nossa existência, e educadores não são diferentes. Ora, se o que pretendemos, como professores, é sempre aperfeiçoar os processos de aprendizado, é papel intrínseco ao professor detectar problemas, e tentar resolvê-los, seja por pesquisas formais (especializações e pós-graduações lato ou stricto sensu), seja por projetos mais pragmáticos (que mesmo assim não têm como deixar a teoria de lado) como o "Interpretar e Aprender".

Se nós, professores, temos tal necessidade, e porque não, dever, fica claro que devemos ofertar e incentivar os alunos a trilhar os mesmos caminhos. A produção textual na escola, exceto algumas experiências, é um parto. Quando não se é prematura e defeituosa, a cria dos alunos demora, machuca e traumatiza seus criadores. O vestibular pressiona os alunos a ir de encontro a obras clássicas completamente estranhas ao seu mundo imediato da internet.



As pesquisas realizadas com jogadores de RPG, entretanto, apontam um caminho diferente: “As referências da maioria dos jogadores de RPG são as histórias em quadrinhos, a literatura clássica, a mídia, o cinema – a questão da imagem é muito forte –, e tudo isso é trabalhado ao mesmo tempo.”. (p. 78) e ainda: “A escrita também é muito presente nos jogos de RPG virtuais que foram analisados paralelamente ao acompanhamento da escrita de nossos jovens, e a atividade de produzir textos vai desde o preenchimento de fichas de criação de personagens até a escrita propriamente dita das ações que são realizadas pelos personagens, em todos os seus mínimos detalhes para que o participante seguinte possa compreender o que se passa na trama.” (p. 60)²

O blog é uma ferramenta bastante dinâmica em que podemos mostrar nossas produções (e estamos fazendo isso), porém também é um espaço interessantíssimo de discussão. 
Convido, então, nossos leitores e amigos, professores ou não, que têm aquele pensamento no fundo da gaveta e deseja publicar algo para discutirmos, a nos mandar suas reflexões. Espero comentários, também! Afinal, como uma amiga (leitora do blog) me desejou em uma virada de ano uma vez:

"Desejo um ano que quebre nossas certezas imobilizantes e nos deixe cheios de dúvidas mobilizadoras."
Lica



Referências:
¹WEHR, Siegfried Jorge, As Nossas Necessidades de Vida no Ponto de Vista Existencial, disponível em:
http://www.psicologiaemdebate.com.br/artigos/55-a-hierarquia-das-necessidades-humanas-da-teoria-de-abraham-maslow-do-ponto-de-vista-existencial.html
²PAVÃO, A., A Aventura da Leitura e da Escrita entre Mestres de Roleplaying Games (RPG). 2 ed. São Paulo: Devir, 2000
LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo, EPU, 13a reimpr., 2011.

2 comentários:

  1. Recomendo meu ensaio, "Identidades em Jogo": https://docs.google.com/file/d/0B1_2x7YZqgYdM2FjYWEzMTctNGNmOS00NGVhLThhZmMtZDZlMzJhNTZkNmMy/edit?hl=en&authkey=CJO68p0D

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    1. Bela análise! Muito esmiuçada.
      Senti falta da análise feita por Huizinga em seu "Homo Ludens". As relações de poder nos jogos ficam bastante mais claras considerando que o jogo é pré-cultural.
      Podemos publicá-la?
      Um abraço!

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