Nós do I&A já trabalhamos com diversos tipo de aprendizes-jogadores. Diversas idades, meninos, meninas, alunos com dificuldade de atenção, alunos tímidos, etc. Porém, ainda não trabalhamos com alunos com dificuldades especiais como surdez, cegueira, ou com alguma síndrome. Se há cinco anos, quando começamos essa empreitada buscando uma educação de qualidade e pluralidade narrativa, já sentimos uma felicidade imensa e um orgulho tremendo, imagine o Arthur Barbosa quando narrou pela primeira vez para uma jogadora surda?
Aluno da UEMS, em Dourados, Arthur já jogava RPG em uma escola estadual para fomentar o prazer pela literatura. Decidiu, então propor uma atividade no contra-turno dos alunos surdos. Logo na primeira atividade, uma professora surda e outras duas jogadoras ouvintes participaram de sua aventura. No segundo encontro, três alunos surdos do ensino médio entraram no grupo.
Para incrementar a comunicação, o narrador levou imagens previamente preparadas, e contou com as jogadoras intérpretes para auxiliá-lo com a LIBRAS. Como então narrar algo que já estamos tão acostumados como um farfalhar de folhas, passos após uma esquina escura, ou o som de um dragão respirando?
De acordo com o Arthur, é necessário perceber o mundo com outros olhos e principalmente outros (ou nenhum) ouvidos:

"Nós estamos imersos num mundo ouvinte e homogeneizador. Logo, tudo é feito para e por ouvintes, mas o surdo não é ouvinte. É uma segregação violenta. Ninguém sabe LIBRAS. Imagina como esse surdo se relaciona com o mundo? A criança surda tem festas de família, e aí ela observa que tem uma mulher que sempre está lá, frequenta a casa dela, mas ela não sabe quem é. Pode ser a tia, a prima, a avó. Por isso o incentivo à cultura surda, só um surdo compreenderá as necessidades do outro. Eles percebem o mundo de maneira diferente."

Para o pesquisador, os surdos devem tomar o RPG para si, pois só assim as aventuras serão produzidas a partir de sua perspectiva e experiência.
Além desse projeto, o Arthur também trabalha com o RPG nas aulas de literatura.
"Nós, professores, somos a porta para o letramento. A Família também. Mas nós estudamos como fazer isso. O surdo tem a língua portuguesa como secundária e muitas vezes não é inserido no mundo da literatura simplesmente porque ninguém falou pra ele o que é isso. Busco, então, com o RPG, fomentar a inserção do surdo na cultura literária, que é um direito fundamental de todo ser humano."
Além desse projeto, o Arthur também trabalha com o RPG nas aulas de literatura.
O RPG tem como formato privilegiado a narrativa oral, mas precisamos sempre estar atento à narrativas diferentes e inclusivas.
Para saber mais, entre em contato com o Arthur: arthurthales@hotmail.com
Para saber mais, entre em contato com o Arthur: arthurthales@hotmail.com
Maravilhoso isso!
ResponderExcluirEu escrevi um RPG especialmente para o público deficiente auditivo, mas não pude jogar com pessoas surdas, gostaria muito de saber se realmente funciona. Lá vai o link: https://tragosgames.wordpress.com/2015/07/09/mundo-dos-sonhos-versao-final/
Amei!!! Sou surda de um ouvido e estou me graduando em Pedagogia e fazendo um curso de LIBRAS e pretendo trabalhar com surdos. Parabéns pela iniciativa!
ExcluirGente, que lindeza! Estou correndo atrás de aprender Libras, não só para saber uma outra língua (sou viciada em aprender línguas), mas também para socializar com essa cultura num geral, e juntar RPG (minha paixão) com Libras (minha curiosidade) é um sonho de vida. *-*
ResponderExcluirMuito legal a iniciativa de vcs! <3
Oi Bia!
ResponderExcluirSó pra deixar claro, não foi a gente que tomou essa iniciativa, foi o Arthur Barbosa, hehe!
Mas é muito legal, mesmo!
Abs