O grupo “Interpretar e Aprender” surgiu como ideia nos corredores da Universidade de São Paulo por três estudantes de História interessados em integrar diversão e aprendizagem. Apaixonados tanto por narrativas fantásticas quanto pelo ato de ensinar, estes amigos decidiram criar um grupo cujo intuito seria trabalhar, de forma prazerosa, os conteúdos escolares - e não haveria melhor maneira de fazê-lo do que utilizando o RPG, ou Role Playing Game.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Educação Financeira com RPG?

Como os leitores mais assíduos do blog perceberam, ficamos um booom tempo longe. O Paulo já explicou de uma maneira bonita, mas a verdade é que trabalhávamos muito durante esse período.

Um dos meus novos desafios esse ano foi ministrar aulas de Educação Financeira. Após algumas pesquisas percebi que não poderia seguir os programas mais comuns. Em geral, a disciplina é ministrada para o ensino fundamental I, com alguns exemplos de programa para fundamental II e médio.

Grande parte dos programas tratam de economia doméstica e tentam convencer os alunos a guardar dinheiro. Geralmente com situações hipotéticas, as simulações nem sempre são próximas às vivenciadas pelas nossas crianças. A maioria ainda tenta desmistificar o dinheiro: ele serve para ser gasto! Apenas precisamos pensar melhor como gastá-lo. Esse objetivo é urgente no Brasil com o crescente poder de compra da população. Porém, com alunos de alta renda o método torna-se ineficaz e as situações hipotéticas muito longe de sua realidade.

Assim, a única opção era criar meus próprios objetivos, métodos e escolher os conteúdos que trabalharíamos com os 8ºs e 9ºs anos. Claro que minha formação em História não ajudaria a focar na parte matemática da coisa, não havia outra opção além de trilhar o caminho crítico e discutir alguns pontos sobre economia, e principalmente responsabilidade social e sustentabilidade.



Decidi, então, delimitar o foco dos estudos para o oitavo ano na realidade do país. Após um pouco de história sobre mercantilismo e capitalismo focamos nas obrigações das diversas instâncias de governo. Já havia me atentado à extrema dificuldade dos alunos de diferenciar os governos municipais, estaduais e federais. É muito fácil culpar a presidenta pelo transporte público de São Paulo quando na verdade o metrô é responsabilidade estadual e os ônibus cabem ao município. Descobrimos como o orçamento público é elaborado e aprendemos sobre os principais impostos pagos pela população.

No nono ano o espectro foi maior. Começamos com uma visita à BM&F/Bovespa e discutimos tópicos ligados à bolsa. A partir do ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial), da própria bolsa, partimos para discussões sobre sustentabilidade e responsabilidade social.

Em ambos os casos, o objetivo foi torná-los conscientes e críticos quanto às situações estudadas, assim como torná-los responsáveis pela manutenção do sistema ou sua mudança. Em ambos os casos decidi que o segundo semestre seria mais prático e dinâmico. Criei um simulador para cada série. Esse simulador seria bastante semelhante a um RPG convencional, com turnos, estímulos do professor e respostas dos alunos. 

É essa experiência, com seus altos e baixos, que gostaríamos de contar a vocês em posts vindouros. A experiência foi grande e ainda não terminou, mas já foi bem interessante.

Um comentário:

  1. Que maravilha! Que orgulho de seus métodos! Como é bom ver alguém pensante!!!

    ResponderExcluir